quinta-feira, 25 de julho de 2013

A grama de Curitiba é tão verde

Foram pouco mais de 24 horas em Curitiba, acho que eu mal arranhei a superfície da cena cervejeira local, mas foi o suficiente para eu querer voltar, LOGO! No voo de volta, ainda meio bêbado graças ao DUMDAY III, tinha me decidido por escrever um post para a seção O Mosto Legal desse blog, e gastar algumas linhas para apenas elogiar as maravilhas da cerveja curitibana. Mas, provavelmente, o texto ficaria um porre, do tipo ruim. Preferi continuar fazendo aquilo que sei fazer melhor, usar a cena de Curitiba como contraponto para escrever porque me sinto frustrado com os bares de boas cervejas em São Paulo. Afinal, a grama do vizinho é sempre mais verde.



Logo que cheguei em Curitiba, na sexta passada, fui direto à Cervejaria da Vila, um pequeno bar, com apenas dez mesas no salão principal e DOZE torneiras servindo apenas boas cervejas locais (ok, tinha uma catarinense também), no som, rock'n roll, daquele não tão gasto pela alta rodagem na KissFM. Saindo de lá, andei cerca de 1500 metros para chegar ao Hop'n Roll, que fica na mesma rua. Esse, um bar muito maior, para mais de uma centena de clientes e 28 torneiras (sendo que apenas 4 serviam cerveja importada). Se não bastasse, o Hop'n Roll também é um brewpub. Tomei uma saison bem decente fabricada ali mesmo.
A seleção de chopes servidos nestes dois bares tinha uma coisa em comum: grande maioria de cervejas paranaenses. É uma relação de mão tripla: Cervejarias paranaenses produzindo cada vez melhores cervejas, donos de bares apostando no interesse do público curitibano pelas boas cervejas da região, bebedores prestigiando as cervejas locais e saindo felizes depois de cada noite regada a pints e mais pints de cervejas fabricadas ali perto. E esses foram apenas os dois bares em que estive. Na minha pesquisa pré-viagem constavam ainda outros bares, que não tive tempo de ir: A Varanda, Barbarium e Clube do Malte. Todos com uma proposta comum: servir cervejas locais, direto do barril.  Bodebrown, Gauden, Way, Wensky: Parece que todo bom bar de Curitiba serve chopes dessas cervejarias, localizadas na região metropolitana de Curitiba

Mas, agora que já estou de volta à minha cidade natal, mas ainda maravilhado pela minha breve passagem por Curitiba, me pergunto (e pergunto aos meus leitores também) onde posso ir para ter uma experiência parecida, aqui em São Paulo?
Posso imaginar que a resposta que vem a cabeça da maioria é o Empório Alto dos Pinheiros. Há muito tempo perdi o encanto pelo EAP. Em parte porque o ambiente lá me lembra mais uma loja do que um bar, em parte porque a cozinha de lá nunca me entusiasmou. Nem as 500+ cervejas fazem diferença para mim. Um bar legal com uma boa carta de 30 cervejas provavelmente dará conta das minhas necessidades. E tem os chopes, apesar de ter 28 torneiras de chope no EAP, no dia de hoje apenas 4 servem cervejas produzidas no estado de São Paulo. A imensa maioria das torneiras está ocupada com chopes importados, que não me entusiasmam. Cerveja importada (e cara) eu compro na loja e tomo em casa, chope eu prefiro local e fresco, não algum barril que viajou milhares de quilômetros e está engatado na chopeira há semanas. Essa viagem para Curitiba deixou ainda mais claro para mim que o grande problema (e talvez a grande vantagem para o proprietário) do EAP é a falta de concorrência à altura. Os outros bares da cidade que tentaram copiar o sucesso do EAP repetiram a mesma fórmula (que não me atrai), cartas de cerveja quilométricas, com destaque para as importadas. Ambiente entre o sofisticado e a falta de personalidade. Oferecer chopes locais, frescos, acessíveis e com alguma variedade ninguém quer arriscar.
Tem também a Cervejaria Nacional, que é o bar que mais tenho frequentado em São Paulo, provavelmente até demais. O ambiente é razoavelmente agradável, a cerveja é boa e fica perto de casa. Mas para uma cidade como São Paulo ainda é muito pouco. Recentemente passei a frequentar o Boca de Ouro, um pequeno bar, em Pinheiros para variar, que tem um grande problema, é pequeno demais para dar conta de girar algumas torneiras de chope. De toda forma, o Boca de Ouro merece ser tema para outro post.





Sobre a festa de aniversário da DUM Cervejaria não tenho muito a dizer, pois não gosto de repetir o que já foi publicado em outros blogs. O DUMDAY III foi muito bem organizado, conheci gente legal e ganhei uma bela caneca de vidro (nada de pote de geléia). Não vou listar aqui o que bebi, para isso existe o Untappd, mas tinha muita cerveja boa, com destaque merecido para as cervejas dos anfitriões. A única falha foi da hamburgueria convidada para o evento. Antes mesmo das 14h o pão de hambúrguer havia acabado. Imagino que tenham apostado no fracasso da festa. Se enganaram, foi um sucesso tremendo.

14 comentários:

  1. Os bares que eu conheço em Curitiba são justamente os dois que você visitou. Acho que nada aqui em São Paulo se compara a eles. A Nacional seria o mais próximo mesmo, com a vantagem de servir comida boa. Tudo o que comi no Hop'n Roll me decepcionou bastante. Na Cervejaria da Vila, por outro lado, eu sempre comi bem.

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    1. Comi um hambúrguer de costelinha de porco até que decente no Hop'n Roll, na Cervejaria da Vila pedi apenas um caldinho de feijão que estava saboroso e encorpado. Enquanto empresário nenhum de SP se arrisca num empreendimento como esses, ouvi um boato em Curitiba que os donos do Hop'n Roll tem plano de abrir uma filial por aqui.

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  2. Pacheco , fui a Curitiba algumas vezes e entre essas sempre passei no Batel - bairro onde tem um Brother ( Pedro Jr) que trabalha la - Mas a primeira viagem foi só p/ beber - em bares e fabricas - , fui paixão ! Clima frio, povo receptivo, cervejas maravilhosas !! Compramos 10 lts de chopp direto da fabrica, 30 lts de Diabólica direto do produtor , fui no Dum Day I e percebi que a massa cervejeira e feliz, cheia de ideias e muito unida, lugar sensacional !!

    Pieraco.

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    1. Realmente, tive a impressão que, além de fazer boa cerveja, o pessoal de Curitiba é uma turma bem unida.

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  3. Pacheco, uma das dificuldades de sp, é a quantidade de chopes locais que temos disponíveis, consigo lembrar no máximo 5 sem esforço: Bamberg, Colorado, Júpiter, Dama, Brittanica, dentre esses alguns nada muito diferente, acredito que dariam conta de 15 torneiras facilmente em um bar, com repetições de alguns estilos é claro, mas se a maioria deles não for atrativo, como fica o giro para o bar? No estado de SP existe uma dificuldade com o MAPA, realidade que não é enfrentada no Paraná. Também sonho com o dia que teremos um bar com pelo menos 10 estilos diferentes de cervejarias locais e que o giro seja sempre com algumas novidades sazonais e não mais do mesmo.

    Luciano.

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    1. Não acho que seria tão difícil fazer uma boa escalação de chopes paulistas para servir num bar em São Paulo. Colocaria nessa lista também as cervejarias Dortmund e Invicta (incluindo as cervejas das 2Cabeças, que tem sido produzidas lá).
      Para ter uma ideia, ambos os bares que estive em Curitiba tinham pelo menos 4 torneiras servindo Way Beer. Enquanto isso, aqui em São Paulo, se quiser experimentar o último chope sazonal da Bamberg, ou qualquer outro chope da marca, que não seja Pilsen e Weiss, você não terá muita opção.

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    2. pois, concordo com a maioria das coisas q vcs disseram, só acrescento que na verdade a bamberg é a cervejaria q mais investe em distribuiçao de chope em sp. a colorado? necas, dama? ta fraco ainda. isso tbm depende das cervejarias, e nao só dos bares. no caso de curitiba as cervejarias investem nesta idéia tbm.


      marcelo vodovoz

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    3. Talvez algumas cervejarias, como a Colorado, não pratiquem os preços mais competitivos no barril, mas isso não quer dizer que o produto não esteja disponível. Já reparou que tem mais chope Colorado no Boteco Colarinho, no Rio de Janeiro, do que em qualquer bar paulistano?

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    4. luciano, 3 ou 4 anos se passaram o seu sonho virou realidade. varios bares com muitas torneiras de chopes locais. alguém tem frequentado? ou só querem saber do último lançamento da stone, founers e etc? da nova lata de seila qm q custa 45 reais...

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  4. Talvez eu tenha dado muita ênfase nos na importância dos chopes locais. Minha intenção era, na verdade, expor o contraste entre a realidade do bom chope em Curitiba e em São Paulo, onde o chope importado domina. Mesmo não sendo tão locais assim, existem bons chopes nacionais que quase não chegam a São Paulo, como os mineiros e paranaenses. Tenho a impressão que, além de Curitiba e BH, Porto Alegre e Rio de Janeiro também têm bares servindo mais e melhores chopes brasileiros do que em São Paulo.
    Aí em SC é só chope pilsen que vinga nos bares?

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  5. Gostei da frase:

    chope eu prefiro local e fresco

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  6. Vocês discutindo se SP ou PR tem o melhor ambiente para apreciar boas cervejas e eu em Palmas-TO, ilhado...

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  7. Hahahahaha.... boa Bier-To... e eu aqui no MT na mesma situação e sonhando em voltar pra Curitiba.

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  8. Fernando, estive em Curitiba na mesma semana. Fui no Hop'n'roll e dei uma passada no Clube do Malte (tomei 2 chopps da casa, produzidos em parceria com a Gauden).
    Fiquei com inveja dos curitibanos: chopp Way na 'panquecaria' do Mercado Municipal e na Galeria Ludica, Morada no Madero Burger, Gauden no Fish'n'Chips, cerveja própria (também com a Gauden) no Madalosso... Só não encontrei cerveja local no Schwarzwald Bar do Alemão e achei uma pena: um dos restaurantes mais famosos da cidade ainda serve chopp Brahma :(

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