terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tá difícil tomar chope artesanal em São Paulo!

Na imensa maioria dos bares de SP chope e Brahma praticamente formam uma só palavra. Porém chope não é sinônimo de cerveja aguada. Qualquer cerveja servida na pressão pode ser chamada assim. Mas onde estão os chopes artesanais?



Eu sei que trabalhar com chope artesanal não é fácil. A margem de lucro não é lá grande coisa, o produto estraga logo, a chopeira e os barris são um trambolho. Muito mais fácil é vender cervejas engarrafadas. Mas como fica o consumidor que presa pela sua cerveja bem fresca? Vai ter que camelar atrás do seu chope e ainda corre o risco de tomar cerveja azeda. Porque se não bastassem as dificuldades, tenho a impressão que mesmo os bares que se arriscam a vender chope artesanal não trabalham o produto como deveriam.

Na rua dos Pinheiros há um bar que gosto muito chamado Damis. Montado em um prédio antigo de esquina, tem um ar roqueiro decadente, meio Treze de Maio nos anos noventa. Servem um bom hamburger e chope Eisenbahn Weizen, Pale Ale e Dunkel. Um pint por R$10 é um bom negócio, mas o difícil é o chope estar fresco, mais comum é estar meio azedo. Mas também pudera, sempre que vou lá sou o único tomando chope, todas as outras mesas bebem Original. Como o dono do bar pretende vender dezenas de litros de chope antes que estrague se ele oferece outra opção mais barata e popular. Se quer trabalhar com chope ele tem que ser seu carro-chefe, ao menos no que se refere a bebidas, senão vai vender chope azedo.

Há cerca de um ano, na rua Mourato Coelho, abriram um bar chamado Miró. Infelizmente não durou muito, em menos de um ano fechou. Não sei qual era o público que eles pretendiam atrair, mas a carta de cervejas era das mais estranhas. Todas as cervejas eram do portfolio da importadora e distribuidora Bier & Wein. Tinha de tudo, até lambic, mas cerveja nacional apenas Paulistânia e Conti Premium. A carta de cervejas em garrafa nem era o pior. Estranho mesmo eram às servidas na pressão. Havia quatro opções, todas importadas, inclusive uma pilsener alemã por R$9 a caldereta. Com tantos bons chopes artesanais sendo distribuídos em São Paulo, não entendo qual é a desse fetiche por chope importado. Se nem as cervejas em garrafa importadas estão no auge do seu frescor quando chegam ao nosso mercado, o que dizer dos chopes importados?




A Cervejaria Bamberg, de Votorantim/SP, tem boa distribuição na capital e um portfólio incrível. Diferentemente de outras micro-cervejarias, a Bamberg privilegia o chope, ao invés da garrafa. Isso é fácil de perceber se compararmos os preços praticados por eles e por outras cervejarias artesanais. A Bamberg tem disparada a melhor relação de preço chope/garrafa. Mas infelizmente se quiser provar todo seu incrível portfólio de chopes vai ter que colocar uma chopeira em casa. Em São Paulo,  para além dos batidos pilsen e weizen,  há apenas um estabelecimento, que nem bar é, oferecendo os chopes Bamberg.

O fio de esperança para quem aprecia o bom chope está no único brewpub da capital, a Cervejaria Nacional. O preço do chope ainda assusta um pouco, já que o pint chega a custar R$15. Mas a cerveja é boa, é fresca e é local. Na falta de opções é para lá que eu vou !


2 comentários:

  1. Realmente fazem falta os brewpubs, que seriam uma maneira legal de incentivar uma cultura cervejeira local ao melhor estilo "support the local brewer". Mas, ao meu ver, o maior vilão dos chopes artesanais no Brasil ainda é o preço: chope precisa ter muita rotatividade, e isso é difícil com um pint custando R$ 15, como vc colocou. Existem boas opções com preços melhores, mas a média ainda é pouco benéfica às vendas em larga escala.

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  2. Pois é, com pint de cerveja local custando o mesmo que de cerveja inglesa fica difícil estimular o consumo. Porém a Bamberg é um bom exemplo que o preço não é o único obstáculo. Há diversos estabelecimento cobrando pelo chope Bamberg o mesmo que outros cobram pelo Brahma. Se variarem do pilsen e weizen por algum outro já seria um bom avanço.

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