sexta-feira, 1 de março de 2013

Chope, genuinamente brasileiro

O chope (ou chopp), essa entidade cervejeira genuinamente brasileira, é alvo de muita desinformação, apropriação indevida e mau uso. Diz o wikipedia que a origem do termo remonta aos alemães, via França. O termo também é muito usado em outros países latino-americanos, como Argentina e Chile, mas é aqui no Brasil que ele foi transformado em um estilo próprio de cerveja. Existem diversas definições diferentes para o termo chope, mas neste blog ele é usado unicamente para indicar a cerveja acondicionada em barril e servida extraída por pressão ou pela força da gravidade.

Antigamente a Brahma se denominava chopp  Até hoje a Brahma se denomina chopp, mesmo na garrafa (e mesmo pasteurizada),  e têm muitas outras cervejas em garrafa que se auto-denominam da mesma forma. Muito disso está baseado no conceito, meio esdrúxulo, que a cerveja não-pasteurizada é necessariamente chamada de chope, como se fossem dois produtos diferentes. Já li até que toda cerveja primeiro é chope, e apenas depois de pasteurizada passa a ser chamada de cerveja. Não sei de onde vieram essas ideias mas, para mim, toda bebida fermentada a base de malte pode ser chamada de cerveja. Recentemente li um comentário em um blog, onde o sujeito queria convencer a todos que "chope" indica um estilo específico de cerveja: aquela lager clara, leve, quase aguada, que costuma ser chamada vulgarmente de chope claro. Eu sei que os mais velhos e menos informados estão habituados àquele mundo ultrapassado, estável e bicolor, onde as variedades de cerveja se resumem à clara e a escura, o mesmo valendo para a patriarca da família, o chope, mas existem muito mais variedades do que isso, e você leitor, já deve saber muito bem disso.



Por todo país, o chope tradicional, lager, claro (e na maioria das vezes da marca Brahma) continua sendo servido como se essa fosse a única forma possível de chope. O seu serviço continua mantendo os mesmos velhos cacoetes, que infelizmente acabam sendo trazidos quando o profissional (o amigo chopeiro) vai trabalhar com outras variedades de chope. Além do barril armazenado à temperatura ambiente, hábitos como espumar o chope entornando parte da cerveja para uma bandeja, o uso de espátula para alinhar o colarinho, e principalmente o colarinho abundante são práticas do dia-a-dia, seja o chope Brahma, Bamberg ou qualquer outro.

Entre esses, há um tema que é sempre mais difícil de ser abordado, o intocável "colarinho". Mal compreendido por alguns, exageradamente glorificado por outros. O colarinho, formado pela espuma da cerveja, é obviamente essencial. Torna a experiencia tátil, visual e gustativa de beber um chope, mais agradável. Nunca deve ser negligenciado, mas o elogio ao colarinho não serve de desculpa para o exagero, que pode ser lucrativo ao comerciante que vende o chope, mas não para o consumidor. Afinal, a espuma é composta de um pouco de cerveja e muito gás,  assim o chope com colarinho enorme extrai menos cerveja do barril, que rende mais chopes. É muito comum por aí, ver chopes sendo servidos com colarinhos que tomam mais da metade do copo. Quando o colarinho baixa, fica evidente que tem menos cerveja no copo do que deveria, mas raramente o consumidor espera para ver.

Bar Leo e a escola do colarinho de 2/3


Por isso, lanço a campanha "No meu chope, colarinho de dois dedos". Sem negligenciar o querido colarinho, temos que estabelecer um limite de razoabilidade entre líquido e espuma para valorizar mais cada chope, afinal o preço do bom chope já está cada vez mais valorizado. Eu sei que dependendo do tamanho e formato, dois dedos representarão uma proporção diferente em relação ao volume do copo. Também sei que certos estilos de cerveja tradicionalmente permitem colarinhos maiores. Mas essa medida de dois dedos serve de parâmetro para a maioria dos chopes servidos por aí, Brahma ou outros, em calderetas ou canecas, de 350ml ou 500ml.
Entrando ou não na campanha, sugiro ao leitor que se sentir lesado por um colarinho como da foto acima, faça como eu: deixe o copo descansar na mesa por 2 minutos, e quando o colarinho exagerado baixar, peça para o garçom que complete de cerveja o seu copo.

4 comentários:

  1. Realmente há alguns bares que exageram demais no colarinho.
    #NoMeuChopeColarinhoDe2Dedos

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  2. Bem que alguns copos daqui podiam ser que nem os europeus que vem com a delimitação do volume... Mas aí os vendedores de chopp iam lucrar beeeeeeeeeeeeeeem menos...
    muito bom post Fernando... Parabéns

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  3. Excelente post, chope é cerveja tirada on-tap e acabou.

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