sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Karavelle Barba Negra e a falta de estilo

Esta semana comprei, pela primeira vez, uma cerveja Karavelle. Estavam com ótimo preço no Supermercado Mambo, cerca de R$7 por uma 600ml. Escolhi a Barba Negra Stout. Comprei na fé de conhecer uma stout honesta, mais barata que a da Baden Baden. Porém, chegando em casa, li no rótulo do verso da garrafa que se tratava de uma autêntica Schwarzbier. De fato se trata de uma cerveja razoável, aroma intenso de café, sabor torrado, baixo corpo e final suave.

Mas fiquei confuso. Tá certo que as vezes Schwarzbiers e Stouts se parecem bastante em aparência, aroma e sabor. Não sou mestre cervejeiro, mas sei que há uma diferença básica no método de produção dos dois estilos: Schwarzbier é um estilo alemão de baixa fermentação, Stout é um estilo inglês de alta fermentação. Tentando esclarecer a confusão, entrei no site da Karavelle. Lá está claro que a Barba Negra é uma cerveja de baixa fermentação, apesar de estampar o termo Stout no rótulo.

Não acho que uma cerveja tenha que se enquadrar em algum estilo para ser boa. Algumas cervejarias americanas costumam rotular suas cervejas com estilos até então inexistentes, para deixar claro a visão inovadora de seu mestre cervejeiro, ou por pura ironia mesmo.

Por outro lado, se a cervejaria identifica seu produto com um estilo consagrado, o consumidor espera encontrar aquele estilo dentro da garrafa. Se for comprar uma Karavelle não espere por isso...

Ok, Ok. Os mais experientes podem me dizer que exatidão na nomenclatura das cervejas nacionais nunca foi o forte da nossa indústria cervejeira. O termo Stout já é usado a muito tempo para cervejas de baixa fermentação, vide a Caracú e a Xingú. O mau uso do termo Pilsen em nossas lagers aguadas já é notório . Mesmo assim esse tipo de imprecisão já não é tão comum. Cada vez mais os novos lançamentos cervejeiros recebem a nomenclatura lager ao invés de Pilsen, por exemplo. O que é realmente frustrante é ver uma nova micro-cervejaria, como a Karavelle, repetir os erros dos dinossauros da indústria cervejeira. Não levar em consideração a mudança de perfil dos consumidores, que conhecem mais a história e a cultura cervejeira, é um erro que pode atinge a credibilidade da marca, ainda pouco conhecida.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Novidades e artimanhas nos rótulos das cervejas “Premium”


É sempre bom ler com atenção o rótulo das cervejas, vez ou outra descubro alguma novidade. As mais recentes estão nos rótulos da Heineken, Budweiser e Stella Artois.

A nova lata da Heineken é bem bonita, com textura em alto relevo, foi batizada de Heineken Touch. Na caixa de papelão, há a foto de uma lata com as inscrições "Imported" e "Brewed in Holland". Não é a mesma lata que está dentro da caixa, mas a foto na caixa revela um curioso detalhe. A Heineken em lata agora é importada da Holanda, apesar de custar geralmente um pouco menos que a long neck (nacional). A verdade é que atualmente, a única cerveja Heineken fabricada no Brasil é a vendida em garrafa long neck (355ml). Pois tanto a lata (350ml), quanto o barrilete (5L) e a garrafona (650ml) são importadas. Pelo jeito, fabricar cerveja no Brasil vale cada vez menos a pena...

A Budweiser foi (re)lançada no Brasil e agora é fabricada aqui mesmo. No rótulo há uma inscrição inédita no mercado cervejeiro. Além da data de validade legal, que é de 180 dias desde a fabricação, o rótulo traz a sugestão para consumir a cerveja com maior frescor em até 110 dias. Ao que parece, para a Ambev, depois de 110 dias a cerveja até pode ser vendida mas já não está muito boa. Talvez esse alerta seja a contrapartida para a Ambev colocar no mercado a única cerveja nacional de seu portfólio sem aditivos. Mas será isso verdade?

A dúvida sobre a veracidade das informações nos rótulos das cervejas da Ambev surgiu quando li os rótulos da Stella Artois. A lista de ingredientes não é exatamente a mesma nas versões lata (269ml) e long neck (275ml). O que muda é que no rótulo da long neck o aditivo Antioxidante INS 316 (também conhecido como eritorbato de sódio) não consta da lista de ingredientes. Será que mudaram a receita da Stella Artois? Não é o que diz o SAC da Ambev. Segundo eles a cerveja em ambas embalagens é a mesma e o aditivo está presente.